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Estudante de civilizações antigas, em especial o Egito e sua arte
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sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Ramsés II, o Grande, o maior faraó do Egito.

Qual o motivo de um faraó de aspecto franzino receber o título de "O Grande" e o de ser retratado com toda a opulência de um grande deus ? Qual foi sua grande obra e contribuição para o Egito ? O que ele representava para toda a nação egípcia?

Ramsés II: O Guerreiro, O Construtor, O Amante, O Deus, o maior faraó do Egito.

Governou durante 76 anos. Seu reinado inicia-se em 1279 a.C. (19ª Dinastia). Morreu com mais de 90 anos e gerou mais de 100 filhos.

Construtor de tumbas, estátuas e templos. Como exemplos estão o seu templo funerário "Ramseum", templos de "Abu Simbel" escavados na rocha, a tumba de galerias para os seus filhos no Vale dos Reis, a bela tumba para uma de suas esposas, Nefertari, e a capital do Baixo Egito "Pi-Ramsés", que durou até a 20ª Dinastia.

Ramseum foi descoberto em 2012 por arqueólogos checos e egípcios.

Ramsés II vem de uma linhagem militar. Seu pai era o faraó Seti I e seu avô era Ramsés I.

Em Abidos, cidade sagrada, seu pai Seti I, construiu um templo para enaltecer os faraós e seus deuses. Neste local, Ramsés II declarou que  foi general do exército, aos 10 anos, e lutou com seu pai contra os hititas.

O Egito era alvo de constantes ataques estrangeiros e ameaçado constantemente por potenciais governos estrangeiros: os hititas e os núbios.

Em uma das batalhas contra os hititas, Ramsés II escapou ileso, porém, não vitorioso. Mesmo assim, numa atitude contrária aos faraós anteriores, registrou a sua "vitória", no templo de Karnak. Enaltecendo-a transferindo o poder aos deuses, a vitória dele estar vivo. Sua imagem perante o povo egípcio só se fortalecia. E era exatamente isso que o povo precisava, um líder forte e guerreiro. Já por outro lado, por essa atitude, por esse registro, foi visto como fraco, covarde e inocente por alguns dirigentes, que não percebiam neste ato um traço de genialidade latente.

Entre outras táticas utilizadas por Ramsés II,  inclui a prática de usurpação de títulos e das imagens dos monumentos dos faraós.

Imagens de 1968, feitas pela NASA do deserto do Sinai, comprovam a provável localização da fortaleza criada por Ramsés II com muralhas muito resistentes e um templo ao centro no qual animais eram sacrificados para garantir a vitória nos ataques e garantir o 'maat', a paz, a ordem no reinado.

A fortaleza media 9m de altura, 12m de largura, e era reforçada por torres. O terreno media 80 000 metros quadrados.

Ainda sofrendo com os constantes ataques dos hititas, Ramsés II muda a capital de Mênfis para Pi Ramsés, e depois de 50 anos entre os constantes combates entre as potências, Ramsés II cria um tratado, uma tática nova para proteger o império: um tratado de paz entre as duas potências. Um pacto de defesa mútua, onde um defenderia o outro contra ataques inimigos aos dois.

Ramsés II possuía uma presença intimidadora, um poder de personalidade, uma presença poderosa emanava dele. Já o aspecto físico não era seu forte, constrastava com seu poder interior e precisava ser compensado de alguma forma. A saída foi o retratar como um homem forte e vigoroso nas estátuas e em outras formas. Ramsés não era um intermediário entre o povo e Deus. Ele ficava nos 2 planos: espiritual e material. Quando declarou finalmente sua divindade ao Egito, o país passou a ser governado por um deus.

 (Ramsés II mumificado)



Colocou em prática os projetos do seu pai, construindo muitas obras, aperfeiçoando técnicas, como a que se vê em Luxor: o teto abobado, em arcos.

Era um faraó em época de grande prosperidade que aproveitou para criar coisas imponentes, não porque era um megalomaníaco mas porque precisava assegurar a estabilidade de um país.

Construiu o templo de Abu Simbel para honrar aos deuses e a si mesmo. O templo possuía  4 estátuas colossais representado a si mesmo. Dentro do templo, mais 8 estátuas.   Recebe o título de  "Hórus vivo". Era considerado semi divino. E não se contentou com o este status. Queria ser lembrado como o grande deus, o deus vivo e encarnado: Ramsés II como Osíris, Ramsés II como Amon.

E almejava  ser cultuado como deus. Não por ter um ego enorme mas por liderar um reino muito grande. Era tudo grande demais. Ele estava num nível superior aos demais faraós existentes. Era o responsável por trazer a ordem e a paz pra o Egito.

Inspiração para os faraós, deus encarnado, maior construtor, advogado, arquiteto e detentor de aspectos geniais e estratégicos que a muito lembra Frederico II, rei da Prússia (1712), também "o Grande".

Ramsés II é considerado o maior faraó que o Egito teve.









segunda-feira, 1 de março de 2021

Ramses I, filho de Seti

Ramsés I, filho de Seti, pai de Seti I, veio de uma família de militares e de grande influência na sua região - a cidade de Avaris, antiga capital dos invasores hicsos. Iniciou sua carreira como oficial militar e ascendeu ao cargo de vizir. Alto sacerdote do deus Seth.
Seu reinado fora muito breve, por volta de 2 anos (1295 a 1294 a.C.) e iniciou tarde, aos 50 anos de idade. Construiu templos em Abidos e quase concluiu sua tumba no Vale dos Reis (KV16). A tumba era toda decorada com imagens do "Livro das Portas". Livro este que mostra uma das partes mais difíceis da caminhada que o morto deve percorrer, onde ele conhece as divindades mais temíveis, e que devem ser enfrentadas e superadas.

sexta-feira, 27 de março de 2020

Hatshepsut - 18ª Dinastia

A rainha Hatshepsut inaugura a 5ª geração de rainhas e princesas da 18ª dinastia.
Filha de faráo e grande sacerdotisa de Amon.
Possuía um temperamento ativo e autoritário.
Faraó do sexo feminino não precisava ter obrigatoriamente um marido,  pois pelo próprio cargo assim assumido, a faraó já tem em si o princípio masculino.

(Era uma rainha que usava uma falsa barba que representava o seu poder faraônico. Usava também um nemés, uma espécie de pano branco e vermelho, usado abaixo da coroa, um pesado peitoral, o látego (ou nekhakha), uma coroa dupla - objeto que reúnia o Alto Egito (o vale) e o Baixo Egito (o delta)








(Este é um cetro éga, em forma de báculo que, originalmente, foi um bastão de pastor, e o cetro neqaqa, o flagelo, uma espécie de praga)






(Capela Vermelha em Karnak, construída para colocar a barca portátil do deus Amon)

(Estátuas de Osíris na porta do templo)


(Falcão da Faraona - Templo de Luxor)

(Estátua em pedra)


(Múmia da rainha)

(templo funerário)







quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Faraó Kamés ou Kamose

Nascido em Tebas, foi o último faraó da 17ª dinastia. Filho da Rainha Ah-hotep e do rei Seken-enré (Taá II). Sucedido por seu irmão Ahmés ou Amósis (fundador da 18ª dinastia). Seu reinado durou apenas alguns anos. Porém teve intensa importância no sentido militar.





Sua múmia foi descoberta em 1857 na companhia de amuletos, adagas e um cartucho com o nome de seu irmão e sucessor Ahmés.

Kamose conquista Buhen, localizado na 2ª catarata do rio Nilo:


Abaixo segue um texto do faraó Kamés, em Karnak (17ª dinastia) produzido por Ciro Flamarion Cardoso e no final, a explicação de cada linha numerada.

1. Tradução
1. Hórus “Aquele que aparece em seu trono”, Duas Senhoras “Aquele que renova os monu-
2. mentos”, Hórus de Ouro “Aquele que torna contentes as Duas Terras”, Rei do Alto e Baixo Egito Uadj-
3.  kheperra (“Que o devir de Ra reverdeça”), Filho do Sol, Kamés (“Um touro o gerou”), dotado de vida,
4.  amado de Amon-Ra, o senhor de Tronos das Duas Terras (= Karnak), semelhante a Ra para sempre.
5.   O rei poderoso no interior de Tebas, Kamés, dotado de vida para sempre, é um rei excelente. 
6.  Foi o próprio Ra que o instalou como rei e fez a vitória renovar-se para ele verdadeiramente.
7.  Sua Majestade falou em seu palácio ao Conselho dos notáveis de seu séquito:
8.  - Que eu compreenda isto: para que serve o meu poder? Há um chefe em Hutuaret, um outro 
9.  em Kush. Eu permaneço associado a um asiático e a um núbio, cada homem possuindo a sua fatia do 
10. Egito, partilhando comigo o país! A lealdade ao Egito não vai além dele (= não ultrapassa os domínios
11. do rei hicso Apepi) até Mênfis [que seja], já que ele está de posse de Khemenu. Nenhum homem tem re-
12. pouso, despojado pelos impostos dos asiáticos. Mas eu lutarei contra ele, abrir-lhe-ei o ventre, pois meu
13. desejo é libertar o Egito e golpear os asiáticos. 
14. Disseram então os notáveis do seu Conselho:
15. - Eis que a lealdade aos asiáticos se estende até Quesy. Eles puseram suas línguas para fora to-
16. dos ao mesmo tempo. No entanto, nós estamos tranqüilos em nossa parte do Egito. Abu está forte e a
17. parte central do país está conosco até Quesy. As melhores das terras deles são cultivadas em nosso pro-
18. veito; nosso gado pasta nos tremedais do Delta; o trigo emmer é enviado aos nossos porcos; ninguém se
19. apodera de nosso gado; nenhum crocodilo (...) sobre isto. Ele possui a terra dos asiáticos, nós possuí-
20. mos o Egito. Se alguém vier e agir contra nós, então sim, lutaremos contra ele!
21. Eles (= os conselheiros) foram desagradáveis ao coração de Sua Majestade:
22. - Quanto ao vosso conselho (...) [Lacuna considerável] Aquele que divide a terra comigo não
23. me respeitará. Deverei eu respeitar estes asiáticos? Eu navegarei corrente abaixo até chegar ao Baixo
24. Egito. Se eu lutar com os asiáticos, o sucesso virá. Se ele crê estar contente com (...), em pranto, o país
25. inteiro (...) o governante no interior de Tebas, Kamés, aquele que protege o Egito!
26. Então eu naveguei corrente abaixo na qualidade de um vitorioso, com a finalidade de repelir
27. os asiáticos conforme a ordem de Amon, famoso por seus conselhos. Meu exército corajoso estava
28. diante de mim, semelhante à chama do fogo. Os arqueiros de Medjau puseram-se em cima de nossas
29. cabinas para procurar os asiáticos e fazê-los recuar de suas posições. O Oriente e o Ocidente traziam
30. azeite de untar para a tropa, o exército era provido de alimentos e bens em toda parte.
31. Despachei as tropas vitoriosas de Medjau, enquanto eu me detinha para imobilizar e comba-
32. ter Teti, filho de Pepi, no interior de Neferusy, sem permitir que escapasse enquanto eu repelisse os
33. asiáticos que haviam desafiado o Egito. Ele transformara Neferusy num ninho de asiáticos.
34. Passei a noite em meu barco, estando alegre meu coração. Ao alvorecer, caí sobre ele como
35. se fosse um falcão. Ao chegar o momento da refeição da manhã eu o repeli, derrubei a sua muralha e
36. massacrei a sua gente. Eu é que fiz a sua esposa descer para a margem [do rio]. Meus soldados, seme-
37. lhantes a leões, estavam carregados do produto de seu saque, na posse de servos, gado, leite, azeite de
38. untar e mel, partilhando os seus bens, estando alegre o seu coração. O distrito de Neferusy parecia algo
39. tombado; e não havia demorado muito, para nós, paralisar[-lhe] o espírito.
40. A região de Pershaq desaparecera quando a atingi. Seus cavalos haviam fugido para den-
41. tro. As patrulhas (...). [Aqui se situa a maior lacuna do texto.]
42. - A notícia proveniente de tua cidade é vil. Tu fugiste ao lado de teu exército. Teu discurso
43. é mesquinho ao fazeres de mim um mero chefe e de ti um governante real, como se pedisses para ti o 
44. cadafalso onde tombarás! Tu conhecerás o infortúnio, pois meu exército te persegue. As mulheres de
45. Hutuaret não [mais] conceberão, os seus desejos [já] não provocarão tremores dentro de seu corpo
46. quando for ouvido o grito de guerra do meu exército.
47. Eu atraquei em Perdjedquen, o coração feliz porque por minha causa Apepi conhecia um  2
48. momento difícil: aquele chefe de Retenu de fracos braços que planejava em seu foro íntimo atos de 
49. bravura incapazes de acontecer para ele. Chegando a Inytnekhenet, eu atravessei em direção aos  
50. habitantes (lit. eles) para dirigir-lhes a palavra. Fiz então pôr em ordem a frota, um barco atrás do ou-
51. tro; fiz com que pusessem [cada] proa encostada a [cada] popa. Alguns de meus Bravos (= um corpo
52. militar de elite) voaram sobre o rio. Como se fosse um falcão, o meu navio dourado os precedia; e eu
53. os precedia como um falcão. Fiz com que o valente barco líder inspecionasse as terras ribeirinhas, se-
54. guindo-o “A próspera” [nome da frota?], como se se tratasse de crocodilos (?) arrancando plantas nos
55. pântanos de Hutuaret.
56. Eu [já] vislumbrava as suas mulheres (= de Apepi), no topo de seu palácio, olhando de suas 
57. janelas em direção à margem, seus corpos imóveis, pois viam-me ao olhar por cima de seus narizes, no 
58. alto de suas muralhas,como filhotes cercados no interior de suas tocas. E eu estava dizendo:
59. - É um ataque! Eis que eu vim e terei êxito! O resto [do país] está comigo. Minha sorte é
60. afortunada. Como perdura o bravo Amon, não te darei trégua, não permitirei que pises os campos sem
61. que eu caia sobre ti! Tua resolução falha, ó vil asiático! Eis que eu beberei do vinho de teu vinhedo,
62. que será espremido para mim pelos asiáticos de meu butim. Eu arrasarei teu lugar de residência, corta-
63. rei tuas árvores depois de lançar tuas mulheres à carga dos barcos e me apossarei dos carros de guerra!
64. Não deixei uma prancha [sequer] nos trezentos barcos de pinho novo cheios de ouro, lá-
65. pis-lazúli, prata, turquesas, incontáveis machados de bronze, sem contar o azeite de árvore, o incenso,
66. o óleo de untar, suas diversas madeiras preciosas de todo tipo e todos os bons produtos do Retenu. Apo-
67. derei-me de tudo, não deixei coisa alguma: Hutuaret foi esvaziada!
68. - Ó asiático despojado, teus desejos falharam! Ó asiático vil, que vivias dizendo: “- Eu
69. sou um senhor sem par até Khemenu, até Per-Hathor e também até Hutuaret, junto aos dois rios
70. (= dois braços do Nilo)”. Eu deixarei estes lugares desolados, vazios de gente, depois de arrasar as suas
71. cidades, queimar as suas residências, transformadas em ruínas ardentes para sempre devido ao dano que
72. fizeram nesta parte do Egito os que se puseram a servir aos asiáticos que agiam contra o Egito, seu se-
73. nhor.
74. Na parte superior do oásis eu capturei um mensageiro seu (= de Apepi) que estava nave-
75. gando rio acima em direção a Kush, a respeito de um escrito em que li, como expressão escrita do go-
76. vernante de Hutuaret:
77. “Aauserra (= Grande é o poder de Ra), o Filho de Ra, Apepi, saudando o meu filho, o go-
78.  vernante de Kush. Por que te fizeste governante sem mo fazer saber? Acaso [não] viste o que o Egito
79. fez contra mim, o governante que lá está, Kamés, o forte, dotado de vida, expulsando-me de meu ter-
80. ritório sem que eu o atacasse - exatamente como fez de tudo contra ti? Ele escolheu os dois países pa-
81. ra devastá-los - meu país e o teu - e os arrasou. Vem, navega rio abaixo e não tremas, pois ele está
82. aqui comigo e ninguém te espera no Egito. Eis que não o deixarei afastar-se até que chegues. Então
83. nós partilharemos entre nós as cidades do Egito e nossos países se alegrarão.”
84. Uadjkheperra, o forte, dotado de vida, é que controla as situações. Foram-me dados os 
85. países estrangeiros, a Proa das Terras, os rios igualmente. Nunca encontrei o caminho da derrota, pois
86. nunca  negligenciei o meu exército. O rosto do homem do norte (= Apepi) não se desviou, mas ele [já]
87. me temia enquanto eu navegava rio abaixo, antes que combatêssemos, antes que eu o atingisse. Ele viu
88. a [minha] chama e escreveu a Kush, buscando a sua proteção. Mas eu capturei [a mensagem] a caminho
89. e não deixei que chegasse. Então eu fiz com que lhe fosse devolvida, deixando-a a leste, perto de Tepih.
90. Meu poder entrou em seu coração e seu corpo foi devastado [devido] ao que lhe relatou o seu mensagei-
91. ro acerca do que eu fizera ao distrito de Hutnetjerinepu, ainda em seu poder. Eu então despachei uma
92. tropa vitoriosa que estava desembarcada para devastar Djesdjes, enquanto eu ficava em Saka, para não
93. deixar que houvesse um rebelde em minha retaguarda.
94. Eu naveguei rio acima, meu coração estando forte e alegre, combatendo os rebeldes que
95. estivessem ao longo do caminho. Quão feliz é o navegar corrente acima para o governante - vida, pros-
96. peridade, saúde! - cujo exército está diante dele!  Os soldados não sofreram perdas,  nenhum  homem
97. deu por falta de um companheiro, seus corações não se lamentavam. Eu viajei em direção ao território
98. da Cidade (= Tebas) na estação da Inundação. Todos os rostos brilhavam, o país estava na abundância,
99. a margem [do rio] estava agitada, Tebas estava em festa. Mulheres e varões vinham ver-me. Cada espo-
100. sa abraçava o seu companheiro, nenhum rosto estava molhado de lágrimas.
101. Eu queimei incenso para Amon em seu santuário e no lugar onde se diz habitualmente:
102. “- Recebe boas coisas!”- do mesmo modo que o seu braço havia dado a cimitarra ao filho de Amon
103. (vida, prosperidade, saúde!), o rei duradouro, Uadjkheperra, o filho de Ra, Kamés, o forte, dotado de 3
104. vida, aquele que controla o Egito e derruba o homem do norte, aquele que se apodera do país vitorio-
105. samente, dotado de vida, estabilidade e poder, enquanto o seu coração está satisfeito com o seu ka, 
106. semelhante a Ra para sempre, eternamente!
107. Sua Majestade ordenou ao nobre, príncipe, preposto aos segredos do palácio (= membro
108. do conselho privado do rei), encarregado do país inteiro, tesoureiro do Rei do Baixo Egito, aquele que
109. comanda as Duas Terras, primeiro capataz dos cortesãos, chefe dos tesoureiros, o poderoso, Neshi:
110. - Faze com que todos os feitos que foram cumpridos por Minha Majestade vitoriosa-
111. mente sejam relatados numa estela a ser instalada em seu lugar no templo de Karnak, em Tebas, eter-
112. namente e para sempre!
113. Ele (= Neshi) então disse diante de Sua Majestade:
114. - Farei tudo o que foi ordenado!
115. Favores do rei foram ordenados (para) o chefe dos tesoureiros, Neshi.
Tradução de Ciro Flamarion Cardoso.

O texto original egípcio foi consultado em:
MIOSI, Frank T. A readingbook of Second Intermediate Period texts. Toronto: Benben Publications, 1981, p. 35-53.

2. Anotações ao texto:
Obs.:Começaremos pelas anotações geográficas; nelas, a linha indicada é a da primeira ocorrência do topônimo.

L. 5: Tebas, em egípcio Uaset, principal cidade do Alto Egito, era a capital da 17ª  dinastia;ficava onde hoje está a pequena cidade de Luxor. Hutuaret (l. 8), nos tempos  greco-romanos Avaris, a capital dos invasores asiáticos (hicsos), era um porto fluvial do Delta oriental ao qual chegavam também barcos marítimos; desde as escavações de ManfredBietak, identifica-se com a localidade atual de Tell el-Daba. Kush (l. 9) era o nome egípcio da parte da Núbia imediatamente ao sul da atual Assuã. Mênfis (l. 11), no Baixo Egito, próxima ao Cairo de nossos dias, era uma antiga capital real e, como Tebas, uma das maiores cidades durante toda a história faraônica dos dois últimos milênios antes de Cristo.
Khemenu (l. 11), na época clássica Hermópolis, atual el-Ashmunein, era importante cidade do Médio Egito. Quesy (l. 15), na época clássica Cusae, hoje el-Qusiya, era cidade de importância média do Médio Egito, a meio caminho entre Tebas e Mênfis. Abu (l. 16), Elefantina para os gregos e romanos, atual Assuã, marcava o limite entre o antigo Egito e a Núbia (Kush). Medjau (l. 28) designa um povo e região da Núbia (Kush), tradicionalmente provedores de policiais e soldados para o Egito; na época do documento, porém, as tropas assim designadas podiam conter egípcios. Neferusy (l. 32) é cidade de porte médio da parte meridional do Médio Egito. Pershaq (l. 40) é localidade não identificada do Médio Egito, o mesmo podendo ser dito de Perdjedquen (l. 47). Retenu (l. 48) é nome egípcio da  SíriaPalestina, genérico e um tanto impreciso na extensão do território que designa.

Inytnetkhenet (l. 49), localidade não identificada, parece designar um entreposto naval e não uma cidade. Per-Hathor (l. 69) é provavelmente a atual Gebelein, ao sul de Tebas: Apepi reivindica, pois, a suserania sobre o Alto Egito e, como se vê pela menção a Khemenu (Hermópolis), o Médio Egito, reservando-se o governo direto do Baixo Egito, onde ficava Hutuaret (Avaris), sua capital. “Proa das Terras” (l. 85) parece designar a parte sul do Alto Egito. Tepih (l. 89), Afroditópolis para os greco-romanos, hoje Atfih, era localidade do extremo norte do Médio Egito, ao sul de Mênfis. Hutnetjerinepu (l. 91) - “o castelo do deus Anúbis” - é o 17  nomo do Vale, situando-se no Médio Egito ao norte de Hermópolis. Djesdjes (l. 92) é o oásis hoje denominado Bahariya, no deserto ocidental, o mais setentrional dos oásis maiores do deserto Líbico: nota-se a estratégia de Kamés no
sentido de cortar as comunicações e transportes possíveis de tropas por terra, usando os oásis, entre a Núbia (Kush) e os domínios diretos do rei Apepi. Saka (l. 92) é a atual elQeis, situada no 17º nomo do Vale, região que, como se lê na linha 91, Kamés e suas tropas estavam devastando nessa ocasião.
Passemos às anotações de natureza diversa ao texto.
Linhas 1-4:   a indicação do ano de reinado (que neste caso, porém, parece ter sido agregado posteriormente ao resto do texto) do faraó reinante com sua titulatura completa, acompanhada ainda de epítetos variados, era forma usual de iniciar os textos faraônicos. A titulatura, desde a 5ª dinastia, era principalmente solar, ligada ao deus Ra; e indicativa da reunião do Alto e Baixo Egito o sul e o norte do país - sob um rei único mas dual. Ver também a  linha 25 (limitadamente) e as linhas 103-6.
Linhas 8-13: o discurso do rei reflete a divisão do Egito, durante o Segundo Período Intermediário (aproximadamente 1640-1532 antes de Cristo), em dois governos, o do norte sob os reis de origem asiática (hicsos) de Avaris, no Delta, o do sul sob a 17ª  dinastia de Tebas; reflete ainda o fato de a Núbia (Kush), no passado sob administração egípcia, ser agora independente.
Linha 14: o Conselho do rei aqui mencionado aparece em egípcio sob o nome dja-djat. Ora, na época do texto há séculos este conselho arcaico tinha sido substituído por outro, a quenebet. Isto indica o caráter abertamente arcaizante e todo fictício do prólogo da narrativa (linhas 7 a 25), que não passa de um artifício discursivo para ressaltar a coragem e o sentido de responsabilidade do faraó.
Linhas 15-6: “eles puseram suas línguas para fora todos ao mesmo tempo”: expressão idiomática em língua popular (não-literária) de sentido obscuro. Um gesto de desafio aos egípcios? Alguns acham que signifique “eles se puseram a falar todos ao mesmo tempo”, o que não parece caber neste ponto.
Linha 18: o emmer é um trigo duro, rico em amido; com a cevada, era o cereal mais cultivado no Egito dos faraós.
Linha 36:  a esposa de Teti é, pois, embarcada pelo faraó pessoalmente rumo ao cativeiro como presa de guerra.
Linha 60: “como perdura Amon...” é fórmula usual de juramento.
Linha 63: os carros de guerra puxados por cavalos, na época arma de uso relativamente recente, eram - como os próprios cavalos - presa das mais apreciadas quando do saque.
Linha 77: “filho”, aplicado ao governante de Kush, é designação honorífica. Apepi,que se considera faraó legítimo do Egito, finge ver no rei da Núbia (Kush) um subordinado seu - já que no passado os egípcios governavam a região.
Linha 80: “exatamente como fez de tudo contra ti”: alguns autores quiseram ver nestas palavras a prova de uma campanha militar anterior de Kamés contra a Núbia (Kush), o que permanece como ponto de controvérsia entre egiptólogos.
Linhas 95-6: “vida, prosperidade, saúde!” é saudação ritual ao monarca reinante; ocorre também na linha 103 após a expressão equivalente “filho de Amon”.
Linha 102: “- Recebe boas coisas!”: o texto refere-se, aqui, a uma parte do templo de Karnak especialmente reservada à apresentação de oferendas a Amon (que também as recebia em seu santuário, a parte mais secreta do mesmo templo, a que poucos tinham acesso).
Linhas 107-9: a titulatura dos grandes funcionários da corte dos faraós era em grande parte hierárquica e honorífica. O direito a um dado título funcional não indicava obrigatoriamente o desempenho efetivo da função correspondente"

fonte: Disponível em: <http://www.pucrs.br/ffch/historia/egiptomania/kames.pdf > Acesso  em: 03.Ago.2011

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Faraó ou Nesu ?

A palavra faraó é uma denominação bíblica, utilizada por gregos e hebreus.

'Faraó' tem sua origem na palavra Per-aa, que significa palácio, casa grande.

Os egípcios utilizavam o termo nesu (rei), neb (senhor) e hemef (majestade)





terça-feira, 19 de junho de 2018

Faraó Amenemhat III

Este faraó da 12ª Dinastia governou de 1818 a 1773 a.C.

Há construções deste período em Biahmu; uma pirâmide em Dashur; uma segunda pirâmide de 105 x 58m  em Hawara; um templo funerário na cidade dos crocodilos.

Em Biahmu há restos de dois grandes pedestais de pedra que serviam para sustentar colossos do faraó Amenemhat III. Localiza-se em Fayum. O local é chamado Al Sanam.



Em Hawara:





segunda-feira, 7 de maio de 2018

Faraó Mentuhotep II (ou Montuhotep)

Montuhotep, ou, "O Deus está satisfeito".

Faraó creditado pela reunificação do Egito após a turbulência que ocorreu no primeiro período com diversos soberanos reinando ao mesmo tempo em Tebas, na 10ª Dinastia. A capital do Egito passa a ser Tebas.

Mentuhotep é o faraó da 11ª Dinastia e fundador do Reino Médio.

Construiu inúmeros templos e obras em Dendera, Abidos, Assuã, Núbia, Karnank etc.

O seu complexo funerário e de suas seis esposas, está localizado em Deir el-Bahari, local este que séculos depois a rainha Hatshepsut inspirou-se e construiu o seu templo funerário.

Sua esposa principal era Tem, mãe de Imhotep III. Outras esposas, pode-se citar: Neferu II e Kawit, sacerdotisa da deusa Hathor.



(templo funerário)

             (complexo em Deir el Bahari. Ao lado do Complexo Funerário de Hatshepsut)





Reinou por 51 anos.









quinta-feira, 1 de março de 2018

Necrópolis de Deir el Bahari

Deir el Bahri ou Bahari. É um grande complexo funerário. Situa-se do lado oposto à cidade de Luxor. 

Contém templos funerários de Mentuhotep II (12ª Dinastia), Tutmósis, Amenófis I e Hatchepsut (estes três da 18ª Dinastia). Tutmósis ou Tutmés era esposo de Hatchepsut.

Se vêem maravilhosos baixos-relevos no templo de Hatchepsut, em que o deus Amon, o grande deus de Tebas, ligado a força de Ra, vem penetrar a bela rainha e esposa de Tutmósis I: Ahmósis, esta que dá à luz a Hatshepsut, que segundo os desenhos do templo, representa o equilíbrio sutil entre a natureza, os homens e seus deuses. Curiosamente, este templo não guardou seu corpo.

O templo foi profanado e depois reutilizado. Seus terraços foram utilizados para cultos pagãos e cristãos.

Hastshepsut é considerada uma das esposas do deus Amon.

Os templos funerários serviam para aguardar o retorno da alma dos faraós após sua morte e também para celebrar a chegada do faraó ao reinado. Eram construídos ao lado ou próximo as sepulturas reais. 




1. Primeiro terraço
2. Segundo terraço
3. Pórtico Norte
4. Pórtico Oeste
5. Capela de Anúbis
6. Capela de Hator
7. Terceiro terraço
8. Capela de Ra-Horajty (outra forma de culto dada a Ra)
9. Capela funerária de Tutmósis
10. Câmara de oferendas de Hatshepsut
11. Santuario


(deus Rá)



(fonte: Youtube. Disponível em <https://youtu.be/dmAyyrDw_94>acesso em 03.2018)


(fonte: Youtube. Disponível em <https://youtu.be/9F0Tf9oo_iI>acesso em 03.2018)

Templo Mortuário de Mentuhotep II:
(fonte: Youtube. Disponível em <https://youtu.be/k6-6l3nlANI>acesso em 03.2018)

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Rainha Meryt-Neith

Meryt-Neith foi rainha durante a infância do faraó Djet, na 1ª Dinastia.

Sua mastaba é rodeada de estelas com uma superestrutura. Há uma série de tumbas subsidiárias que corresponderiam a mulheres em sua grande maioria. 76 tumbas para mulheres e 11 tumbas para homens.